29.12.06

Entre uma bica e um pastel de nata

Enquanto escorremos por entre as margens de doces dissabores com que a vida nos vai congratulando, vamos esbarrando contra uns e outros, com toda a discriminação implícita. No momento em que somos projectos de pessoa, cada dia acarta uma eternidade de minutos que teimam em não passar. À medida que o projecto se vai concretizando, os dias encurtam, as noites desvendam aquela faceta que enamora e atrai para um momento diferente, despretensiosamente iluminado; os outros continuam a passar, alguns ficam por mais uns minutos: tomar aquele café vestido de porcelana de reflexos pérola, diluído em mil e uma conversas em jeito de amanhecer. Tecem-se novas ligações, com mais ou menos gotas de uma madrugada de Outono, com uns, partem-se com o estrondo de um embate frontal ou o suave estalar de um vidro com outros. Uns e outros. E a morangada...

Trabalho, constituir família, ir vivendo. Avança-se numa velocidade proibitiva em direcção a um suposto objectivo concreto facetado pelo comum, dado como verdadeiro (não será mesmo?). O único espaço de manobra talvez seja concedido no optar entre o arremesso de um tijolo ou o seu suave posicionamento, medido em pormenor de minúcia, nas paredes da Obra.

Talvez seja de mim, mas não vejo a utilidade disto para o universo. Algo mais? Claro que sim, porque...

Cumps.

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