21.5.07

(re)nascer

É bom ver o mundo com novas perspectivas: é o sinal do nosso crescimento através dos tempos. Ao olhar com mais atenção para mim mesmo, pude ver o mundo com outros olhos, outros sentimentos, outras emoções; desta vez, livre de pensamentos, raciocínios ou formulações teóricas.
O homem tem a tendência de negar aquilo que é, pelas mais variadas razões. Por aceitação, quando quer que os outros o vejam como ele quer, ou simplesmente pela pressão da sociedade onde se insere em que certos comportamentos são considerados imorais.
Começo a aperceber-me que a mente tanto pode ser nossa amiga ou inimiga. E não se trata de uma questão de controle, trata-se de pura consciência. Se estivermos conscientes da nossa mente, agiremos de acordo com o coração. Se eu não me negar a mim mesmo, se deixar fluir aquilo que sinto, estarei mais em paz e serei, então, maior. Continuo a pensar, porque sou humano. Mas sou uma pessoa mais relaxada.

2.5.07

26 horas por Calisto

Por cada 24 horas de cada dia, multiplicados pelos 7 dias de cada semana, que são engolidas na mescla de 52 semanas de cada ano concretizando a nossa quase secular duração, esbarramo-nos com um sem fim de posturas.

Gosto de tentar compreender este espectro que abrange o mais inato e inconsciente e o mais frio e seco. Ao observar o processo e sequência de reacções no confronto com outros e entre outros, não querendo mecanizar ou simplificar o conceito de pessoa, saltam padrões que me custam aceitar como reais. Volto a bater na mesma tecla já gasta e mais alva que as suas pares deste meu teclado ao encontrar uma atitude estereotipada (apesar de escolhida; o facto de ser uma escolha torna-se o motivo da minha indagação), condenada à partida a adquirir um reflexo baço de um plástico disforme e coberto de pó, que vai contra alguns dos mais básicos princípios.

Entristece-me ver o egoísmo nas coisas mais simples, a necessidade de se sobrepor a tantos níveis, a facilidade com que se culpa, o apontar o dedo sem nunca notar na catástrofe que é a unha roída nem as peles eriçadas - farpas secas, prestes a, felizmente, cravarem uma dor desmesurada tendo em conta o seu tamanho. No final de contas é tudo uma função "umbigal" que não olha a meios, espalhada pelo domínio da nossa existência, cheia de curvas e interrupções bruscas à qual se ignora qualquer tentativa atenuamento.

É no entanto isto o que dá pica no mundo. Está provado que nunca estamos contentes. Certamente, se toda a gente agisse de uma maneira correcta (correcto? incorrecto? bem? mal? subjectividade.) entre si, estaria a debitar caracteres sobre a apatia e conformidade em que se vivia. Era possível até não ter este meio que me permite vomitar o que vai cá dentro, já que a necessidade tecnológica não teria surgido sem a evolução requerida por um mundo militarizado. Não deixa de ser triste. Não deixo de tentar compreender. Cada um sabe de si, dizem.

Cumps

18.4.07

Ornatos e Chagas


foi como entrar
foi como arder
para ti nem foi viver
foi mudar o mundo
sem pensar em mim
mas o tempo até passou
e és o que ele me ensinou
uma chaga pra lembrar
que há um fim
ahhhhh ahhhhh ahhhh

diz sem querer poupar meu corpo
eu já não sei quem te abraçou
diz que eu não senti
teu corpo sobre o meu
quando eu cair,
eu espero ao menos
que olhes para trás
diz que não te afastas
de algo que é também teu
não vai haver um novo amor
tão capaz e tão maior
para mim será melhor assim
vê como eu quero
eu vou tentar
sem matar o nosso amor
não achar que o mundo é feito para nós
ohhh ohhh ohhh aahhhh aahhhh aaaaahhhhh

foi como entrar
foi como arder
para ti nem foi viver
foi mudar o mundo sem pensar em mim
mas o tempo até passou
e és o que ele me ensinou
uma chaga pra lembrar que há um fim
ahhahh
uma chaga pra lembrar que ha um fim

16.4.07

fé?


A curiosidade é parte integrante do ser humano. Disseram-me hoje, em conversas, que as pessoas precisam de ter uma fé, sob qualquer forma, que traga paz à sua existência. Com isto quer-se dizer que o ser humano procura uma fé, uma crença, um modelo de vida, sob o qual possa viver em harmonia com a sua consciência. A nossa curiosidade permitiu-nos desenvolver a mitologia, religiões e, também, a filosofia. Tudo isto são modelos de pensamento, de olhar e compreender o mundo. Será que são compatíveis?
Todos vemos o mundo com os nossos próprios olhos, da nossa maneira. É, então, certo que se trata de uma questão totalmente subjectiva. O cepticismo é um termo inventado pelo ser humano: uns sentem uma fé imensa numa crença, crer para ver, e outros, mais empíricos, querem certezas absolutas, ver para crer. Parafraseando o que me disseram hoje, "uma flor é uma flor, não é cada uma das suas pétalas individualmente". Perdemos a noção de um todo?
Será que existe algo mais do que isto? Convulsões, Espasmos.

12.3.07

todos os dias...

Faço, todos os dias, desde que me lembro, três perguntas: o que sou eu, quem sou e quem serei. Acho que estas questões são uma preocupação do Homem em geral. Todos nós, em algum ponto da nossa vida, questionamos-nos sobre qual o nosso papel neste palco da vida.
Eu não sei o que sou, nem quem sou. Sei, no entanto, o que serei. Sou todo o sabor de uma caneta a percorrer um papel, impregnando tinta numa superfície macia e lisa. Sei que serão as minhas acções que me irão definir - Deus morreu e sou o único responsável pelo que faço. Nesta angústia existencialista, a minha alma chora. E, enquanto ela chora, eu quero escrever. O que ela sente, o que não sente. Sei que vivo um propósito porque ele é parte integrante de mim. Deixem-me gritar o meu ódio, a minha raiva, chorar a minha dor e sorrir com o Amor. Sem isto tudo, valeria a pena escrever?

11.3.07

Raridades

E quando a melodia faz sentido? Suga-nos para dentro do seu mundo, percorre-nos a espinha e, no fim, sentimos um arrepio. Este é o caminho e o propósito da música. Aquele momento mágico em que tudo nos faz sentido na composição musical, na voz de quem canta, nos efeitos e, claro está, nos silêncios.
O poder da música transcende-nos. Como tantas outras coisas. No entanto, consumimos e somos movidos pela música. Os jovens, seguidores e fanáticos de bandas com uma boa equipa de marketing ou cantores a solo com uma imagem muito cuidada, hoje em dia não valorizam o verdadeiro potencial da arte musical. Gostam apenas de uma música pela letra que lhes lembra a pessoa que querem ter.
No meio de tanto desperdício é sempre surpreendente quando nos deparamos com músicos de uma qualidade exímia, que nos tocam na nossa alma, compreendendo-nos. Torna-se, de certa maneira, numa paixão. Aquele momento em que pertencemos ao momento que é totalmente guiado por um instrumento ou até uma voz.
O Destino - chamemos-lhe assim - fez magia. Numa noite de chuva e frio, dentro de um carro com desconhecidos, ouvi Muse. Uma banda britânica de uma genialidade musical e beleza de execução que supera muitos dos tão aclamados mestre da música de hoje. Porque me toca, porque é belo, porque a voz exprime sentimentos complexos numa forma inocente e simplificada. Porque são únicos. Porque gosto.

1.3.07

Regurgitação Mental


A alma humana é algo intrigante; perante o destino de um todo-para-a-morte( perdoem-me a passagem pela filosofia de Sartre ), a vida e o que fazemos dela, os nossos actos, as nossas escolhas, são parte integrante de nós. A evidência é clara, a vida que cada um de nós leva, independente de um credo num destino, numa entidade, é reflexo daquilo que, no âmago, somos.
Incrementando o meu niilismo, vejo-nos como meros animais; dependendo do meio em que somos criados - hoje em dia o termo correcto será "educados" - a nossa consciência é moldada. Numa sociedade dividida pelo capital, será mais do que inevitável a criação de pequenos monstros sofredores de várias patologias: homicidas, pedófilos, extremistas religiosos, George W. Bush, etc.
Gostava de entender mais profundamente as evoluções sociológicas desde os primórdios dos tempos. A compreensão do passado permite um melhor entendimento do presente para que possamos questionar-nos daquilo que é o futuro.
O nosso valor está na nossa consciência. Quero ser o super-homem que Zaratustra cantou aos sete cantos do mundo.